segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Reis d'Andrade

 

"Nº 1000- ANO 20°

Quando recebi o convite do saudoso José Barão era quase um moço pequeno. Há vinte anos, imaginem! Aonde os cabelos brancos, as rugas, as saudades, as preocupações e a úlcera?
 
Contudo, já escrevia para os jornais e José Barão conheceu-me através de   "O Século" onde desempenhava as funções de redactor com grande brio profissional, (ele). Todavia, a ideia de fundar um semanário regionalista não lhe saía da mente e, amando como amava a província do Algarve, amadureceu o projecto e lançou para a luz radiante do sol da nossa terra, o jornal que ainda hoje se publica em Vila Real de Santo António.

E em boa hora o fez para defesa dos interesses algarvios, donde ressaltavam os assuntos e problemas locais, analisados e mencionados por colaboradores de honestidade comprovada.

No que se refere a Fuzeta, tem esta importante localidade piscatória sido objecto de reportagens, crónicas, notícias, poemas, contos, nas páginas deste semanário desde o seu início. E verdade; desde o número um. Que os meus camaradas colaboradores ou cronistas me perdoem, mas é com orgulho que declaro que, a Branca Noiva do Mar está presente no Jornal do Algarve desde o dia 30 de Março de 1957.

Com a morte do seu Director, a dedicação à Fuzeta não se apagou, tendo surgido ainda novos colaboradores para manter bem acesa a chama defensiva dos interesses desta terra.

Se às vezes nas suas colunas falha por ventura o nome da Fuzeta, isso não é mais do que simples contratempo (falta de espaço, atraso na composição, e sobretudo falta de assunto). Sim, porque nem todos os leitores tem pachorra de aturar as diatribes de Policarpo; os discursos prolixos de Lopinhos; as conferências do professor Aldrabako ou as poesias salobres do signatário. Isto, sem falar da barra! Porque esse assunto.. Já José Barāo dizia: " Se a barra da Fuzeta não for desassoreada, não é por causa do Jornal do Algarve!"

Reis d'Andrade"

In "Crónicas do Alto da Torre" sobre o início da sua colaboração no jornal "O Algarve"

BIOGRAFIA

João de Deus dos Reis Andrade
Nasceu na Fuzeta, Olhão, 26-5-1932  e faleceu em Faro, 15-3-1998.
Frequentou a Escola Industrial e Comercial de Faro / Escola Secundária de Tomás Cabreira, em Faro.
Poeta, dramaturgo, jornalista, filatelista, músico, pintor, caricaturista, figura  incontornável da cultura olhanense.
Como homem de cultura, fundou várias associações artísticas e culturais e levou as suas peças teatrais pelo Algarve inteiro,
Profissionalmente, foi chefe da Secção  "Lotas e Vendagem de Peixe".

Num recente post o Dr. Vilhena Mesquita  in facebook de VM, 10-10-2020. relembra a figura de Reis Andrade,a propósito do falecimento da sua esposa , que sempre lutou para que "os algarvios não esquecessem a sua memória nem a sua obra literária".

Nesse mesmo texto aproveita para citar algumas"grandes figuras da cultura algarvia...injustamente esquecidas" como:

Emmanuel Correia, José Manuel Pereira, José Diogo Cabrita, Rodrigues Neto, Dr. Jorge Correia, Garcia Domingues,  Elvira Rocha Gomes, Quina Faleiro, Fonseca Domingues, Vivaldo Beldade, Abílio Gouveia, Fernando Mascarenhas, Antero Nobre, Aníbal Guerreiro e Luís Pereira.

Nesse mesmo post,  Brito Figueira, antigo aluno da Escola Tomás Cabreira, comenta  que  além de ter sido seu colega, recorda-se que :"Então, além da "veia" que despertava, era o sentido de humor. Fazíamos roda à volta dele..." 

No Artigo de Vilhena Mesquita sobre Reis d 'Andradein blogue Algarve - História e Cultura, 16-08-2009 encontra-se informação bastante completa sobre o autor e a sua personalidade.

BIBLIOGRAFIA

"O Auto dos Cravos Vermelhos"

"Crónicas do Alto da Torre"

"A Lenda das Duas Cidades"

"Histórias da Minha Aldeia"

"A Branca Noiva do Mar"

"Os Filhos do Ti Leandro"

"Alguidares de Barro"

 "Quem conta um Conto..." 

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