sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Tapadinhas, Helena

       

















 Duna Luna é toda a ilha de Faro. Graças a ela, uma parte do mar é uma laguna de águas calmas, entre a ilha e o continente. Só que o mar sempre reclamou aquele bocadinho de água salgada e Luna vive numa luta constante, movendo-se para cá e para lá. Sempre conseguiu vencê-lo. O que estaria a      acontecer agora?

        Luna, a duna da praia de Faro, é irmã da duna Nuna e, tal como ela, sente comichão quando homens e animais caminham na praia com os pés descalços e com os dedos a fazer fosquinhas.
        No Verão, a Luna é um riso enorme e macio que se confunde com a rebentação das ondas, quando milhares de pés nus se passeiam sobre ela e quase morre de cócegas

in A Dança da Duna Luna

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           Numa madrugada em que se tinha cerrado uma nortada seca, o Matias resolveu fazer-se ao mar. Coisa estranha, pois havia que tempos que não saía. O reumá­tico tolhia-o às tensas de Maria Júlia e, mesmo quando se sentia capaz, a maior parte das vezes não encontrava companha. Mas naquela madrugada, ali estava ele, em­bora sem isco nem bucha, nem petromax, nem sequer ajuda, coisas que estranhei mas que ainda assim não me impediram de me chegar à chata e embarcar como sem­pre costumara fazer. Espantei-me que o velho me tenha ordenado:

— Alfaiate...vai pra terra!

Nunca tal tinha acontecido! De modo que ele teve de repetir a ordem e só à terceira é que obedeci, embora contrariado, pois tive a certeza de que ali havia coisa.



in Alfaiate, página 59


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  • Notas biográficas

Nasceu em 1969, em Luanda (Angola). Formou-se em ensino de Biologia e Geologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e é mestre em Criatividade pela Universidade de Santiago de Compostela (Espanha).

Implementou o Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte (PREAA) na Direção Regional de Educação do Algarve, entre 1997 e 2011, com a dinamização de projetos em rede, onde o imaginário é porta de entrada para o estudo do território. «Operação Lágrimas Negras» e «Contos do Mago — narrativas e percursos geológicos» são exemplos de ciclos temáticos PREAA com forte impacto no exercício da cidadania.

É professora bibliotecária e embaixadora do Programa de Educação Estética e Artística (PEEA), da Direção Geral da Educação (Ministério da Educação). Desempenhou cargos como dirigente associativa na Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Algarve e na Ideias do Levante, Associação Cultural. Autora de diversos projetos de teatro, narração oral, música, fotografia e literatura, tem trabalhos publicados nas áreas de educação, ciência, ambiente e arte. Foi distinguida com o «Prémio Literário Santos Stockler», da Câmara Municipal de Lagoa, na edição de 2017.


Helena Tapadinhas foi professora do Agrupamento Tomás Cabreira no século XX.


  • Bibliografia























« Operação Lágrimas Negras » e « Contos do Mago - narrativas e percursos geológicos » são exemplos de ciclos temáticos PREAA com forte impacto no exercício da cidadania.
Os Contos do Mago: narrativas e percursos geológicos são dez contos literários infantis, um por concelho algarvio, que, em conjunto, contam a história geológica do Algarve aos mais pequenos, subordinado ao tema «Contos e Lendas do Algarve». Projeto coordenado pela Direção Regional de Educação do Algarve.

Índice :

1- Bailado do Talude
2- O Maior Puzzle do Mundo
3- Chuva de Nuteixo
4- O Caso do Oceano Remendado
5- Concurso de Sismos
6- A Princesa de Gesso
7- Sereia Seixa
8- Nascem Nuteixos
9- A Dança da Duna Luna
10- Asas da Lontra Bernardina






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