sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Sarmento, Fátima Morais [Maria Mattos]

   

Abril — Sinais da Memória

       A estrada fugia aos seus pés, o carro parecia voar com pressa de chegar ao seu destino. A velocidade do seu dia-a-dia continuava a comandá-lo mesmo quando se deslocava ao seu último refúgio para descansar da vida apressada que vivera anos a fio. O médico fizera-lhe um ultimato, dera-lhe poucas alternativas, por isso, Gabriel só pensava em voltar às suas origens, à casa dos avós maternos na Trofa. Fora lá que vivera toda a sua infância, a sua adolescência e sonhara com imensas coisas que nunca chegaram a acontecer. Ali estava ele, só e solitário, a necessitar de parar para que o seu pobre, mas grande coração, tivesse um pouco de paz e trabalhasse a um ritmo mais lento.

        Enquanto isso, o mundo tinha andado suspenso com a Guerra do Iraque, com as manifestações de contestação à guerra que se fizeram ouvir por todo o lado e com a opinião pública que tinha ganho importância política. Os argumentos a favor e contra tinham sido imensos, mas alguns dos prognósticos não se tinham verificado. O dia nove de Abril era o dia de todas as emoções, ele também travava a sua guerra pessoal, interior, sentindo apreensão, angústia, medo, expectativa e incertezas.

in Memórias do Olhar e do Sentir, página 9



Biografia

Maria Mattos é professora da  Escola Secundária Tomás Cabreira desde meados da segunda década do século XXI 
                                                     
       Maria  Mattos  nasceu em Aveiro, viveu a adolescência e parte da idade adulta em Lisboa.   Licenciou-se na Universidade Nova de Lisboa em LLM-Estudos Portugueses e leciona a disciplina de Português no ensino secundário.
     A escrita foi sempre uma grande paixão e aos 13 anos já confidenciava ao papel as suas maiores inquietações e memórias. Desde cedo que tentava perceber o porquê das coisas, sentindo-se sempre atraída pelo que lhe era estranho e longínquo. Busca, incessantemente,o sentido da vida e tenta ligar entre si as várias experiências que vai vivenciando. Sente-se impelida a estudar e a conhecer assuntos de cariz filosófico e místico.
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   Memórias do Olhar e do Sentir é um relato de vidas, passadas e presentes, de um homem, de uma família, de um país e de um mundo.
      A narrativa inicia-se em Abril de 2003 e termina na noite de Natal do mesmo ano.
      Gabriel é um homem solteiro de 40 anos, engenheiro bem sucedido, que passa a maior parte do seu tempo no estrangeiro devido ao trabalho.
       Um problema de coração obriga-o a fazer uma pausa na sua vida agitada. Como vive na capital, a mãe sugere-lhe que vá descansar para o casarão da família, no norte do país, que ele tinha herdado após a morte da avó. Durante a semana que passa no casarão, recorda a infância e a adolescência, as memórias despertam-lhe sentimentos que julgava perdi-dos, mas que apenas estavam adormecidos dentro de si.
       Ao buscar-se a si próprio, revive a história dos seus antepassados e resolve mudar por completo a sua vida. Apaixona-se pela sobrinha do seu melhor amigo, uma mulher de 22 anos, com que vem a casar.   Ao modificar o seu quotidiano, altera o futuro de todos os que o rodeiam que também se reencontram com o verdadeiro sentido da existência


 in Memórias do Olhar e do Sentir, contracapa

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