sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Silva, Orlando Augusto da



lnsónia

O sono encurta
E a noite alonga,
Então sou náufrago
No mar obscuro da insónia
Onde o farol da vida
Ilumina o confuso
E confunde o presente
Que se afunda nas águas
Negras e profundas
Do pensamento confundido,
Nos destroços do naúfrágio
Deste mar de maré viva
Se afunda o real
E se perde a flor de sal.


P'la manhã outra miragem,
Olho defronte
Vejo a paisagem
Outro horizonte ...

&&&

Enfim

É mais efémero o ruido
Do aplauso
Que o silêncio da ternura,
Um permanece no olvido,
Outro fica quedo, perdura.


Orlando Augusto da Silva
IN "Flores e folhas de mim"
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Para participar no concurso "Cont'Arte Audioleitura 2020" pode ler um dos poemas acima publicados  ou qualquer outro de Orlando Augusto da Silva.
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Orlando Augusto da Silva  foi aluno da  Escola Industrial e Comercial de Faro, no início dos anos 60 do século XX.

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Biografia



Como biografia deste escritor algarvio publica-se o texto de João Leal da AAATC  escrito em sua homenagem aquando do seu falecimento:


Um “farense” nascido em Setúbal
Nascera há 87 anos na “cidade do rio azul”, Setúbal, mas desde sempre o conhecemos como um devotado e empenhado cidadão de Faro, a capital sulina onde tivemos a dita de acontecer no mundo.

Frequentámos, não obstante em diferentes tempos, a mesma Escola Secundária, a “nossa” Tomás Cabreira, então repartida entre a Rua do Município e o Largo da Sé, mas tudo na “Vila-a-Dentro”. Ambos tínhamos esta “doença” das letras, do escrever, do comunicar, não obstante o focado ter uma elevada matriz poética e a facilidade e beleza da arte de rimar, o que só nos tocou ao de leve.

Orlando Augusto da Silva, de seu nome completo, há semanas falecido, nesta sua “terra ” de opção e de coração, aqui se fixara menino e moço e dela não mais voltou a sair em definitivo, para criar todo um mundo de fraternas amizades, de exemplar família, de empreendedorismo inovador e altamente motivador, de uma actividade literária que se concretizou em diversas obras publicadas e com presença em várias antologias de “poetas dos PALOP’S”.

Foi sobretudo no sector da indústria do plástico que lançou novas realizações, impulsionando a economia local, com fábrica própria ali para o “Campo dos Blocos” (Bom João de Baixo) e estabelecimento comercial à mesma dedicado na Rua Filipe Alistão.

As suas netas, “as suas meninas” eram um dos temas prediletos e mais focados na arte de poetar, com uma linguagem cristalina, afetuosa e afetiva e aquela entrega plena que a todos cativava.

Conversador nato, cordial e franco, mantinha em elevado grau de sublimidade o sentido das fraternas relações, que cultivava com esmero e dedicação.

Cidadão de comportamento cívico testemunhante fez um reto e honesto caminho de vida que motivava um assumido e geral apreço.

Deixou-nos para todo o sempre e com ele foi abatida mais uma presença da resenha de cidadãos, a quem testemunhamos, como nascidos em Faro, o nosso apreço e admiração, por quantos não havendo vindo ao mundo nesta capital sulina, a amam como seus filhos.

Assim era o Orlando Augusto da Silva!


João Leal

in Crónica de Faro





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